Resumo
Com a inovação constante do Direito e a busca constante de novas metodologias que equilibre a qualidade das entregas com a inovação, o Design Thinking se destaca como um procedimento de proveitosa aplicação no âmbito jurídico. É uma ferramenta estratégica para escritórios e departamentos jurídicos, que lidam com um cenário de transformação digital, aumento da concorrência e exigência constante de inovação. Assim, a adoção do Design Thinking pode contribuir significativamente para a eficiência operacional, a qualidade da experiência do cliente e o fortalecimento da cultura organizacional.
1. Introdução
O setor jurídico brasileiro tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, exigindo dos gestores uma abordagem mais estratégica, inovadora e centrada no cliente. Fatores como a digitalização de processos, o surgimento de lawtechs e legaltechs, a crescente judicialização e a transformação nas expectativas dos clientes colocam em evidência a necessidade de repensar práticas tradicionais da advocacia.
Neste cenário, o Design Thinking desponta como uma abordagem promissora. Desenvolvida inicialmente no contexto do design de produtos e serviços, essa metodologia tem se difundido em diversas áreas — incluindo o Direito — por sua capacidade de gerar soluções inovadoras e eficazes, a partir da compreensão profunda das necessidades dos usuários.
2. Design Thinking: Conceitos Fundamentais
Design Thinking é uma abordagem centrada no ser humano para a solução de problemas complexos. Trata-se de uma metodologia baseada na empatia, definição precisa do problema, ideação colaborativa, prototipação e validação das soluções. O processo é iterativo e não linear, incentivando o aprendizado contínuo a partir de testes e feedbacks.
Diferente dos modelos tradicionais de gestão jurídica, que se baseiam em hierarquia, padronização e formalidade, o Design Thinking valoriza a escuta ativa, a criatividade e a experimentação.
3. Aplicação do Design Thinking no Âmbito Jurídico
A aplicação do Design Thinking no contexto jurídico tem ganhado destaque tanto na literatura quanto na prática. Escritórios e departamentos jurídicos têm adotado essa abordagem para resolver problemas sensíveis e inerentes às diversas organizações, como a baixa compreensão dos documentos legais por parte dos clientes (internos e externos), a insatisfação com os prazos de atendimento ou mesmo a resistência à inovação tecnológica.
Neste sentido, a empatia, como um dos requisitos fundamentais da metodologia analisada, permite que o advogado compreenda com profundidade a experiência do cliente: suas angústias, dúvidas e expectativas. Ao realizar entrevistas, observações ou até pesquisas de satisfação, o gestor pode identificar aspectos do serviço jurídico que precisam ser aprimorados.
4. A Inserção do Design Thinking na Rotina de um Gestor Jurídico
A gestão jurídica tradicional tende a ser reativa e centrada em indicadores quantitativos. Com a adoção do Design Thinking, o gestor passa a atuar de forma proativa, com foco na experiência dos stakeholders. Ações como mapeamento da jornada do cliente, sprints criativos e cocriação de soluções se tornam práticas rotineiras, promovendo uma cultura colaborativa e inovadora
5. Possibilidades de Aplicação em Escritórios e Departamentos Jurídicos
As aplicações do Design Thinking são amplas e incluem:
- Atendimento ao cliente: melhoria da comunicação e personalização do serviço;
- Documentação jurídica: uso de legal design para tornar textos mais acessíveis;
- Inovação em serviços: criação de novos modelos de atuação jurídica;
- Gestão de equipes: redesenho de processos internos e capacitação contínua;
- Transformação digital: implementação de tecnologias com foco na experiência do usuário.
Advogados que utilizam essas possiblidades de aplicações conseguem, para além da organização interna de suas operações, gerenciar sua relação com o cliente de maneira mais empática e entregar produtos e serviços melhores, utilizando toda a sua cadeia orgânica para implementar melhorias voltadas diretamente ao atendimento das demandas de seus clientes.
6. Considerações Finais
O Design Thinking representa uma oportunidade de transformação profunda da gestão jurídica. Sua adoção permite que advogados e gestores adotem uma postura mais criativa, centrada no ser humano e orientada à inovação. Escritórios e departamentos jurídicos que aplicam essa abordagem tendem a ser mais eficientes, adaptáveis e preparados para os desafios do futuro.
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Autor:
Marcos Antonio Pereira
Créditos da Imagem: Freepik